julho 15, 2011

"Amar é aceitar a parte fora do lugar do outro. O lado obscuro, sujo, quase cruel. Porque ninguém é santo, puro e limpo o tempo inteiro."


Li essa frase no Facebook de uma gaúcha queridona que conheci em Roma. E me senti quase aliviada por constatar que, sim, tais palavras dizem a mais pura verdade.
Fui muito amada por ser casta, pura, "intocável" e blablablas. Por ser romântica e sonhadora. Por ser (ora bem, acreditem) ingênua. Fui amada por ser considerada uma pessoa legal, gente boa, querida, sincera, honesta e outros tantos blablablas bem legais. Fui muito amada. Por muito tempo. Dividi sonhos, planos, uma vida inteira com aquele cara que, cheio de defeitos incorrigíveis (e, hoje, quase inaceitáveis pra mim), era "perfeito". Acreditei que o nosso amor nunca fosse acabar.
Contrariando nossos anseios, o destino se encarregou de mostrar que não éramos perfeitos um para o outro, que não éramos o número um do outro e que não devíamos mais permanecer juntos. O fim foi inevitável. Doloroso e cruel, mas inevitável. Depois de brigas que noutros tempos acreditávamos serem impossíveis de acontecer um dia, cada um seguiu o seu caminho sem olhar para trás.
Por muito tempo, nossa relação foi maravilhosa, uma base forte para tudo o que queríamos que viesse pela frente. Tudo o que não veio, feliz ou infelizmente.
Hoje, depois de ler a frase prólogo desse texto, pergunto-me: será que tudo não passou de uma forte idealização? Será que fui amada somente pelas minhas ditas qualidades? Se sim, foi amor de verdade? Acredito numa resposta positiva a tudo isso, mas a reflexão se faz presente mesmo assim...


Eu quis o pacote completo, aceitei me entregar para o meu contraponto mais forte e, por isso, posso dizer que amei. E qual amor não dá sentido à vida? Os meus, levo sempre comigo, com todas as lições que irreversivelmente marcaram o meu ser.

3 comentários:

  1. Já fui amada pelos mesmos motivos que tu florzinha. Até chegar o derradeiro momento em que percebi que o meu amor não quer amar por estes motivos. O nosso amor nos quer com cara amassada e de remela no olho, nos quer falando palavrão, oscilando entre santa e puta... da mais bela e inteligente montada no salto, até aquela com pijamão de domingo, chinelo e meia e sem entender o filme cabeça.

    Acho que quem não ama assim por completa na verdade talvez nem saiba o que realemnte é o amor. Acho que eras amada da maneira dele e acho também que ele ainda não sabia que amar só nossas qualidades não é o melhor amor... mas acho que te amava sim...

    Saudadesss flor!

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  2. Quando a gente se apaixona, normalmente idealizamos aquela pessoa. Não encontramos defeitos nela, muito menos motivos para nos decepcionar. Até que um dia, essa pessoa falha. E nossa, parece o fim do mundo! Isso acontece porque quando a gente se apaixonada tudo começa a ficar mais claro, mais puro… Principalmente a pessoa por quem somos apaixonados. E acabamos esquecendo que ela é humana, e que pode te surpreender e errar como qualquer outra. A culpa não é dele, não é sua… É desse tal de amor.

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  3. Quelzinha: "O nosso amor nos quer com cara amassada e de remela no olho, nos quer falando palavrão, oscilando entre santa e puta... da mais bela e inteligente montada no salto, até aquela com pijamão de domingo, chinelo e meia e sem entender o filme cabeça."
    Disseste tudo! Concordo contigo quando dizes que quem não ama por completo não sabe o que é o verdadeiro ou o melhor amor... mas sim, nessas incertezas todas também concluí - aliviada, posso dizer - que fui amada também.

    Mamah: é esse tal de amor cheio de altos e baixos, idas e vindas e tantas outras inconstâncias. Nunca pensei que tanto tempo depois tudo isso fosse vir à tona novamente, mas... sinto que me fez (faz) tão bem, que nem sei! :)

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